O Ministério da Saúde afirmou que monitora 7 casos de hepatite de causa desconhecida em crianças no Brasil. Quatro pacientes estão no Rio de Janeiro e três, no Paraná. Os quadros de inflamação aguda do fígado são semelhantes aos que vem sendo descritos pelas autoridades de saúde da Europa e Estados Unidos.
Há poucas semanas, no dia 15 de abril, a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta sobre um surto de casos de hepatite aguda infantil de causa desconhecida.
Os primeiros dez casos foram identificados pelo Reino Unido em crianças com menos de dez anos, sem doenças pré-existentes, e foram comunicados à entidade no começo de abril.
Até agora cerca de 200 casos já foram registrados em outros países europeus, nos Estados Unidos e na Ásia e, desde então, cientistas do mundo todo tentam descobrir o que está causando a doença. Mas o que é exatamente a hepatite infantil?
“A hepatite é nome dado a um processo inflamatório do fígado, que geralmente acontece em decorrência de quadros infecciosos”, explica o infectologista pediátrico Alfredo Elias Gilio, coordenador da Clínica de Imunizações do Hospital Israelita Albert Einstein e professor doutor da Faculdade de Medicina da USP.
As principais causas da hepatite são os vírus (A, B, C, D, E), mas a doença também pode ser desencadeada pelo uso excessivo de alguns medicamentos, por alguma doença autoimune, uso de álcool e drogas.
Nas crianças, a hepatite normalmente se manifesta com dor abdominal, diarreia, vômito, enjoo e perda de apetite. Na maioria dos casos evolui para a icterícia – que é aquela cor amarelada na pele e no branco dos olhos. Outros sinais da hepatite são a urina escura e as fezes esbranquiçadas.
“Há casos em que a criança não vai ter a icterícia, mas, em geral, é essa cor amarelada nos olhos que chama a atenção dos pais. É nesse momento que eles costumam procurar um médico”, alerta Gilio.
Como é o diagnóstico?
Em geral, diante desses sintomas e depois de uma anamnese detalhada do quadro e do histórico clínico da criança, o médico pede alguns exames das enzimas hepáticas no sangue para confirmar o diagnóstico – quando há inflamação no fígado, aumenta a quantidade dessas enzimas na corrente sanguínea.
Confirmado o diagnóstico, é preciso saber a causa/origem da hepatite. “Nas crianças, na maioria absoluta das vezes, a causa mais comum é a hepatite A. Em geral não requer internação, não costuma ser grave, e a maioria dos casos evolui bem. Não há um remédio específico para o tratamento, a gente cuida dos sintomas e o próprio organismo se recupera sozinho”, explica Gilio.
A transmissão da hepatite A ocorre por contágio fecal-oral, pela ingestão de alimentos e/ou água contaminados e em locais que possuem condições precárias de saneamento. Uma forma menos comum de transmissão é pelo ato sexual.
O professor Giglio ressalta que como existe vacina para hepatite A e B no Calendário Nacional de Vacinação, o número de casos de hepatite viral em crianças é cada vez menor no Brasil.